sexta-feira, 13 de maio de 2011

PROFESSOR, ETERNO APRENDIZ

Eu sou Érica Vieira, Érica foi idéia do meu tio e Vieira uma escolha de minha mãe que decidiu pelo meu pai como companheiro e pessoa especial para minha existência. Nasci em Belo Horizonte, sendo a primogênita de uma família de quatro filhos. Meu pai alfaiate tornou-se funcionário publico federal, trabalhando na rouparia de um Hospital e minha mãe dona de casa. Os dois estudaram apenas até o primário, pois, não tiveram condição de dar continuidade aos estudos. Contudo, sempre incentivaram e se esforçaram para que os filhos fossem bem nos estudos. Minha mãe com suas lembranças infantis sempre dizia o quanto na sua época, era difícil estudar, ter material adequado (os cadernos muitas vezes eram de papel de pão, ou melhor, de embrulho) e sempre valorizou o pouco estudo que teve. Meu pai gostava de charadas e era muito criativo, inventor... Com seu olhar curioso sempre nos estimulava a buscar o que estava além dos nossos olhos.

Portanto, desde bem pequena vivenciei uma experiência escolar positiva e encontrei a escola como oportunidade e valor na vida das pessoas. Meu rendimento escolar foi sempre bom. Meus pais investiram e se esforçaram para garantir que tivéssemos os materiais e acompanhamento adequado por parte deles.

Minha infância foi um momento muito fortalecedor e, portanto, garantiu suportes para enfrentamento da minha vida profissional. Nas brincadeiras já dei aula para os irmãos e bonecas, fazia batizado de boneca, teatro e quadrilha com a turma da rua. Neste período já ensaiava e dava meus primeiros passos para a construção de minha prática pedagógica. Quando tinha 13 anos comecei a desenvolver trabalhos voluntários em creches e fui cada vez mais me aproximando da educação. Crescendo fui trilhando meu caminho até descobrir e construir efetivamente, o meu lugar na educação, que ainda está sempre por fazer, pois, cada dia é um novo dia e em cada novo dia, oportunidades e novas experiências nos colocam em movimento.

Quando estava cursando o magistério, as aulas, os trabalhos e principalmente os estágios foram confirmando a educação como profissão. Assim que me formei, para pagar um cursinho pré-vestibular, fui trabalhar como datilografa numa engenharia, cheguei a ser desenhista nesta mesma firma, contudo, iniciei o curso superior de Psicologia na PUC-MG. Passei alguns momentos de dificuldade na faculdade, tanto financeiro, quanto reavaliando se continuava o curso. Foi um conflito grande em prosseguir com o curso ou não, cheguei a parar duas vezes e retornei. Ao mesmo tempo em que me distanciava da psicologia clínica, encontrava afinidade na psicologia educacional e retomava o curso acreditando que o caminho não parecia tão claro, mas estava sendo construído. Então iniciei um trabalho voluntário em uma instituição de ensino especial realizando com as crianças atividades de psicomotricidade Neste momento, após iniciar o trabalho voluntário fui contratada como professora no Centro de Educação Especial Sergio de Freitas Pacheco. Acreditei que aquele era o meu lugar e deste modo, mais um passo foi dado em direção à educação.

No Centro de Educação Especial Sergio Freitas Pacheco, instituição vinculada ao Núcleo Assistencial Caminhos para Jesus, tive a oportunidade de realizar uma verdadeira formação, onde teoria e prática foram a base da minha experiência profissional, cada dia me sentia provocada a buscar, conhecer e construir instrumentos que favorecessem o processo ensino-aprendizagem de cada criança. Esta instituição foi uma das grandes escolas da minha vida que possibilitou conhecer, refletir, construir, e desconstruir sobre o processo ensino aprendizagem, o sujeito da aprendizagem e o olhar que favoreça reconhecer na individualidade, a coletividade e as possibilidades que cada indivíduo carrega. Assim, reconheço que de 1989 a 1999 vivenciei um processo singular de formação profissional, pois, neste período estive imersa em uma reflexão constante sobre a prática pedagógica. Um marco desta experiência foi quando participei do Projeto “Tartaruga” (tartaruga era um símbolo do programa de computador usado inicialmente no trabalho), onde assumi uma turma de doze alunos com lesão cerebral e seqüelas motoras graves, problemas na fala, linguagem e potencial cognitivo diferenciado. Alguns apesar do quadro motor bastante limitado tinham o desenvolvimento cognitivo preservado. Desenvolvi um trabalho de alfabetização e comunicação alternativa para portadores de lesão cerebral. Com eles aprendi muito, confirmando a importância de me aproximar de cada aluno e de reconhecê-lo como sujeito de possibilidades. O meu caminho teve mudanças e ao ser nomeada no Estado como professora tive que me transferir de instituição.

Em dezembro de 2004, fui chamada pela PBH a trabalhar com a Educação infantil. Entrei em exercício em 31 de janeiro de 2005 na Escola Municipal Jardim Felicidade que tinha um prédio anexo de Educação Infantil, conheci uma nova área de atuação, pois a educação de crianças pequenas tem suas peculiaridades. Porem, em 2007 fiquei excedente na Escola e fui transferida, Mais uma vez vejo o caminho sendo ressignificado e novas possibilidades de ação pedagógica sendo reconstruídas, inicialmente trabalhei com crianças de cinco anos, depois três anos e no ano de 2009 assumi a coordenação pedagógica do turno da manhã junto à vice direção e coordenação pedagógica do turno da tarde. Foi uma grande oportunidade de desenvolver um trabalho em equipe.
Também, neste período aproximei e conheci o trabalho com os bebês que a princípio parecia ser uma ação de cuidadora, “babá”. Mais uma vez novas reflexões e ações foram reconstruindo conceitos quanto à educação dos pequeninos e a relação pedagógica com o cuidar e educar. Contudo, por forças maiores saí da coordenação e no ano de 2010, não tive dúvida escolhi uma turma de berçário para trabalhar. Com a experiência de 2010, novamente fiz a escolha pelo berçário em 2011 e isto tem tanto ampliado a minha ação pedagógica quanto fortalecido a crença no trabalho em equipe como sendo favorável e efetivo para a educação. Cada dia novas descobertas, novas possibilidades e principalmente acredito cada vez mais que a educação é o caminho.

Em meio a esta construção, hoje, a minha grande preocupação continua sendo com o processo ensino aprendizagem para a alfabetização. Tenho um grande interesse em estudar mais e buscar não só respostas, mas suportes para enfrentar os entraves deste processo no ensino público.

Érica Vieira


“A semente nos ensina a não caber no chão"

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